Frase da Semana

"A MINHA FELICIDADE DEPENDE DA QUALIDADE DOS MEUS PENSAMENTOS"





segunda-feira, 9 de maio de 2011

DESCAMINHOS DA EDUCAÇÃO 1


No momento, se debate no país o aumento da carga horária do aluno na escola.

Se formos considerar aluno, como aquele personagem que vem para a escola, educado, com modos, hábitos salutares e sabendo exatamente o que significa ser aluno (respeitoso, organizado, interessado), então serei eu o primeiro a levantar a bandeira favorável. Pois esse aluno merece maior atenção e muito mais preparo para um futuro, que acredita-se promissor.

Por outro lado, se falamos do aluno que hoje em dia é o espelho da juventude, desrespeitosa e desinteressada. Que só vem para a escola com o intuito de colocar em dia sua conversa e demonstrar, tudo aquilo que aprendeu na rua, então sou eu o primeiro a gritar por um não!

Como sempre, nossos pedagogos de plantão, estão olhando para o cume da pirâmide social, ao acreditar que um aumento de carga horária seja favorável ao alunado. Estou em sala de aula há mais de 15 anos, e nesse tempo todo percebo a ladeira que a educação vem descendo. Exigem-se números, IDEBs e IDs quaisquer, maiores. Estampam em jornais e revistas a vergonhosa posição que nosso país ocupa nas classificações educacionais, com isso culpam os professores por não se atualizarem, não se modernizarem, não se moldarem à nova realidade, porém ninguém assume a suspeita qualidade dos alunos que temos.

A atual realidade está muito mal! Vivemos a era do paternalismo, onde tudo é dado e nada é cobrado! Lembro-me que, quando criança tinha todo o cuidado do mundo com o meu estojo escolar, lá estavam as canetas que eu escolhera, os lápis de cor que eu usava para colorir meus desenhos, meu apontador com compartimento para sujeira, minha borracha branquinha, etc. E sempre que chegava em casa ou ia para a escola, checava se todos os meus pertences ali estavam. Amava cada item e respeitava também, os dos meus colegas, pois imaginava a importância que para eles tinha cada um daqueles objetos.

Era criança, e como toda criança, não tinha todos os meus valores formados, no entanto respeitava os mais velhos, porque aprendera que isso deveria ser feito, estudava, porque gostava e porque sabia da importância, que para ser um engenheiro ou um médico, era necessário estudar. Mas acima de tudo isso, sabia valorizar aquilo que meu pai havia comprado “com o suor do trabalho”, como ele sempre dizia.

Hoje em dia tudo é dado na escola pública, desde o lápis até o uniforme, passando pelos cadernos e livros. E o que acontece? Nada é valorizado, encontro de vez em quando, materiais no lixo ou deixados pelas salas de aula. Levados aos “achados e perdidos” da escola, por lá ficam meses! Isso porque o governo deu e não tem valor nenhum para eles. Não lhes custou nada, e por isso não é valorizado. Se o governo acha que, com essa atitude está estimulando-os a escrever, ler, aprender, desculpe informar, mas não está funcionando.

Pergunto aos alunos o que pretendem ser quando crescerem, ouço silêncio, ou respostas como modelo, jogador de futebol, MC, inclusive traficante e ladrão. Alguns podem dizer: são crianças e falam só para fazer onda! E eu respondo, não, não são mais tão crianças, são adolescentes de 15 ou mais idade, são rapazes e moças, que já iniciaram uma vida sexual e conhecem o valor da violência. Pois a praticam quando preciso.

Me assusto! Sinto que a escola pública e paternalista, está estragando nossas crianças. Não vejo, nos olhos da maioria o brilho do querer saber, da descoberta, do interesse. Vejo-os apáticos e representando comportamentos tribais e desrespeitosos. Penso que, de nada adianta manter cerceados em um terreno com um prédio principal e uma quadra, pessoas que não vêem naquela estrutura algo positivo, que não valorizam suas salas e seus representantes. Pior, não valorizam o produto que lhes é ali oferecido: o conhecimento.

Antes de aumentar a carga horária, gostaria que se pensasse em meios de transformar essa criança em um aluno e não um ser obrigado a ficar mais tempo onde a “brincadeira” não lhes agrada.

Pergunto: você ficaria? Você gostaria?