Frase da Semana

"A MINHA FELICIDADE DEPENDE DA QUALIDADE DOS MEUS PENSAMENTOS"





terça-feira, 16 de setembro de 2008

CONSIDERAÇÕES DE UM PÓS DEPRESSIVO




Auto estima, desilusão, problemas de ordem física e/ou financeira, deixar-se focar em um único ponto (negativo), sem perceber que a vida tem vários outros, tudo isso e mais algumas outras coisas podem ser causadores da depressão. Nunca a levei muito a sério, não acreditava no seu poder como doença, sempre, no meu otimismo exagerado e excesso de afazeres chamava-a de um “mal de fácil resolução”, bastava que o paciente procurasse algo diferente por fazer.

Pois bem, dou minha mão à palmatória! Reconheço o grande erro que cometi. Infelizmente para poder assumir isto tive que sentir na pele ou na consciência o que é estar com ela.

Não me lembro exatamente quando tudo começou, talvez com o surgimento de situações e problemas que acreditava poder resolver, ou simplesmente ignorar, pois não era hora e nem o momento para levá-los devidamente a sério, bastava seguir adiante que o tempo se iculbiria em fazê-los sumir. Mas o tempo, não só deixou de fazer isso, como a eles, juntou outros, de cunho diferente, mas que seriam problemas também. Creio que, de repente me vi envolto em tantas situações complicadas e que exigiam soluções ou atenção que minha mente sobrecarregada não conseguiu dar conta e acabei sucumbindo.

Tombei como os grandes guerreiros tombam, relutando, mas lentamente pondo-se de joelhos ao inevitável. Senti pouco a pouco minhas forças esvaírem-se e minha consciência não conseguia vencer meus inimigos interiores.

Logo de cara, quis me esconder de tudo e de todos, não queria falar ou ver ninguém, mas como também não queria me dar totalmente por vencido e não queria estampar meu tormento, tentei da melhor forma, continuar interagindo com família, amigos, colegas de trabalho, alunos, etc. Sei que não fui muito sensível neste momento, talvez tenha cometido alguns deslizes e sendo ríspido ou rude com alguns. Tudo me incomodava e, a cada cobrança, me sentia como um animal acuado e com minhas garras prontas para uma defesa.

Em momentos de pior agonia e insustentabilidade emocional corria para minha cama, meu quarto, meu escuro, meu refúgio, e só me levantava quando sentia que não seria uma ameaça, aos que me rodeavam, afinal, eles não mereciam meu mau humor, nada tinha haver com eles.

Vivi momentos em que não tive ânimo para levantar, nestes, meu desespero aumentava, pois sentia correr em minhas veias algo mais do que simplesmente sangue, sentia um pesar forte, que fazia pressão no meu coração e que fazia doer a cabeça. Não tomei remédios, preferi ficar nos chás e nos sucos, principalmente o de maracujá, pois acreditava no efeito calmante do mesmo. E funcionava!

Como um náufrago desesperado e se debatendo, procurei a primeira coisa que pudesse evitar que afogasse, e nesta ânsia agarrei-me a um “pedaço de isopor”. Longe dos amigos, que por motivos diversos, não estavam por perto para me socorrer, alimentei-me com a falsa esperança dada pelo artefato que encontrei. Convergi as expectativas para um ponto errado, enquanto me debatia apoiado àquele frágil e minúsculo pedaço de isopor que, como era de se esperar, não resistiu à tamanha luta e despedaçou-se, transformando-me em um náufrago por completo.

Já certo do meu afogamento e começando a afundar, me dei conta de que ao relaxar sem me debater e sem forças, comecei a boiar. E hoje estou assim, boiando, sob um mar menos agitado, mas ainda tomando fôlego para poder nadar até uma praia segura.

O saldo até agora foi o ganho de uma gastrite, perda de cabelo, problemas com o fígado, uma internação rapidinha para tomar um soro e fazer uns exames e talvez uma ferida na alma, que se não bem tratada pode um dia voltar a sangrar, torço somente para estar atento e poder evitar que tudo se repita, porque agora eu sei o perigo real de uma depressão, tomarei a minha como rasa, e não quero encarar nunca uma profunda.

Beijos e abraços!

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